domingo, 27 de janeiro de 2013

DEPOIMENTO DE AURÍSIO MANQUITOLA

                 
A Rádio Itatiaia vai transmitir o depoimento de Aurísio Manquitola, testemunha ocular do insulto feito por um tal de José ao feiticeiro Mangalô, no povoado de Calango Frito e denunciado por Guimarães Rosa, em São Marcos de Sagarana.
- Bom dia, senhor Aurísio Manquitola! O senhor, então, é testemunha desse insulto ao negro João Mangalô?
- Bom dia! Verdade sim, verdadeira. Eu estava de passagem, vindo de Calango Frito e encontrei o tal José, domingando na entrada da mata.
- Conversaram?
- Só palavra de plumagem. Quando fomos andando, beirando a cafua do negro velho Magalô, lá estava ele sentado na soleira da porta. Mangalô é feiticeiro afamado dos melhores do povoado, respeitado e temido até pelo delegado que carrega escapulário com dente de cobra cozido em baeta vermelha. Calango Frito é cheio de feiticeiro por encomenda e profissão. Ninguém sai de casa sem derramar sal na soleira da porta ou carregar de memória a reza brava de São Marcos.
- E que aconteceu adiante?
- Esse tal José referido, muito destemido, descrente das artimanhas obscuras, estava se dirigindo pra Três Águas, e se excedeu quando viu o bruxo na meditação. Mangalô se pusera na quieta posição de cabriúna queimada, quando o referido José gritou em forma de cumprimento: “Conhece os mandamentos do negro? Primeiro: todo negro é cachaceiro. Depois, todo negro é vagabundo. E terceiro: todo negro é feiticeiro.” Com isso, selou-se a sorte desse arrogante José.
- E Mangalô?
- Mangalô escutou, olhou de lado e entrou pra cafua.
- Selou-se a sorte do descrente José?
- Aí aconteceu o imprevisto. O destemido entrou na mata apreciando tudo, os bambus, com as inscrições cabalísticas, a plumagem das árvores e o verde de tudo enquanto era cor dentro da mata fechada, num labirinto sem volta. Viu a lagoa mostrando o retrato invertido das plantas, tomando banho verde no fundo. Coisas mais de admirar.
- Nem se pensava mais no Mangalô?
- Passou a pensar e um corisco passou na sua frente. Tudo num átimo. Sentiu uma pancada preta vertiginosa, mas batendo de grau em grau. Depois, um ponto. Um grão, um besouro, um anu, um urubu, um golpe de noite. E escureceu tudo. O pior: cegara assim repentinamente, sem qualquer dor, sem motivo razoável, sem qualquer anúncio antecipado. Um susto. Agora começaram a crescer os grilos, os trilos dos pássaros. A patativa cantando clássicos.
- Cego? Perdido no labirinto da mata?
- Perdido e mal-achado. De retorno eu encontrei ele tateando as trilhas. De volta, chegamos na casa do feiticeiro Mangalô e o cego José entrou em luta corporal com ele, esganando o velho pra matar mesmo. Mangalô gritou: “Não me mate, sinhozinho!” E tirou de cima do jirau o boneco feito de pano grosseiro e retirou o espinho de árvore atravessado nos olhos desse boneco. E clareou tudo. Luz, luz, luz. O destemido José quase teve desmaio programado. Caiu de alegria. Ficou bom outra vez e aprendeu. Viu a luz. E, ao longe, na prateleira dos morros, cavalgavam-se três qualidades de azul. Foi só isso. Nada mais.
- Seu depoimento foi bom demais, Aurísio Manquitola! Nossos ouvintes agradecem. Obrigado e um abraço amigo para os amigos daí de Calango Frito, com muito respeito e admiração. Mande pra nós um escapulário cozido de baeta vermelha e uma cópia da oração de São Marcos. Estamos precisados. Com urgência.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CALENDÁRIOS


PARA QUE SERVE UM CALENDÁRIO? Não vejo nada mais lógico que isso: um calendário serve para  saber quanto tempo já passou desde que tal coisa aconteceu, ou quanto tempo falta para acontecer.




Estamos no ano 2013 pelo Calendário Gregoriano. O papa Gregório XIII (1502 – 1585) reuniu um grupo de especialistas, durante cinco anos, para corrigir o Calendário Juliano. Com esses estudos foi publicada a bula papal Inter Gravíssimas estabelecendo o chamado Calendário Gregoriano, que está em vigência até hoje. Foram proibidas publicações de outros calendários e a não observância puniria o infrator com a pena de excomunhão – latae sentenciae – e outras tristezas. O primeiro dia desse calendário seria 15 de outubro de 1582. Assim, dez dias seriam omitidos. De 4 de outubro, quinta-feira passaria no dia seguinte para 15 de outubro, sexta-feira de 1582. A aceitação do calendário gregoriano durou mais de três séculos. Primeiramente, houve aceitação de Portugal, Espanha, Itália e Polônia. Alemanha em 1700. Reino Unido, 1752. China, 1912. Turquia, 1927.

O calendário gregoriano é de origem européia e é adotado, hoje, pela maioria dos países do mundo. Foi promulgado pelo papa Gregório XIII, em 24 de Fevereiro do ano de 1582. Demarca o ano civil do mundo inteiro, facilitando o relacionamento entre as nações. Este calendário gregoriano divide o ano em 365,25 dias, 12 meses de tamanhos desiguais e em 52 semanas, com o recurso dos anos bissextos. É o calendário cristão ou gregoriano com inclusão de festas religiosas, definidas a partir da Páscoa, com adesão quase universal.

O calendário Juliano foi implantado pelo líder romano Júlio César, em 46 a.C. e foi modificado pelo imperador Augusto em 8 d.C. e teve vigência até 1582.
Havia entre os calendários uma diferença de treze dias, portanto, 26 de dezembro iria corresponder a 13 de dezembro, no gregoriano de 2012. Assim 25 de dezembro no gregoriano daria a 7 de janeiro do Juliano. O calendário Juliano está 13 dias atrasado. 

Calendário Romano foi estabelecido por Rômulo, na época da criação de Roma, ou 753 a.C. Tinha 10 meses com 304 dias. Foi modificado por Numa Pompílio que o transformou em lunisso///lar, com 12 meses e 355 dias, com “mensis intersolaris” de dois em dois anos. O ponto de partida da era cristã foi a escolha do ano zero para o nascimento de Jesus. Foi criado no século VI, por um monge armênio, Denis, o Pequeno (Dionisius Exiguus) (470 – 544). Denis reteve como primeiro ano da era cristã (ano 1) o dia 25 de março do ano 754 da era romana, dia da concepção da Virgem Maria. Cometeu um erro de cálculo, pois o rei Herodes, da época de Jesus, já estava morto em 754.  Historiadores e teólogos cristãos consideram a data provável do nascimento de Jesus entre o ano 8 e 4, sendo mais plausível, entre 7 e 6 a.C. – antes do zero convencional. Em 1565 d.C., Carlos IX fixa o começo do ano para 1º.de janeiro. Assim, somente 16 anos depois é que surge o calendário gregoriano. 

Calendário judaico ou hebraico é usado pelo judaísmo, judeus ortodoxos, cotidianamente para as festividades, datas de aniversários, casamentos, falecimentos e outras, enquanto a maior parte dos judeus o utilizam para esses fins. É composto alternadamente de 12 e 13 meses do tipo lunissolar. Começa em setembro/outubro no tishrei, baseado na origem de Adão, pela Bíblia, na crença judaica, há 5.773 anos. Para o cálculo acrescenta-se o ano atual a 3.760, a partir de set/out. do ano novo.


Além dos citados, existem vários outros tipos de calendários: maçônico, asteca, babilônico, chinês, egípcio, hindu, indígena, lunar, maia, muçulmano  solar, permanente. 

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