segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

SÓ SONETOS

Pra que servem? Pra nada, como toda poesia. Mãos cheias de pedras. Provocando, agredindo, cutucando. A briga é continuada. Estilingue, catapulta, espada. Tiro de festim... nada mais.



PALAVRA DE REI

A palavra de rei não volta atrás
Diz o velho monarca ameaçado
Assim nesse transe desesperado
Tantas luzes para o seu povo faz.

Mudar de ideia é de mente brilhante
Conservar modelos fora de moda?
Manter paradigmas incomoda
Mudar e mudar tudo a todo instante.

Pedra sobre pedra não ficará
Se no mundo até as palavras fenecem
E o que passou nunca mais tornará.

Novas luas toda noite aparecem
E na terra nova luz brilhará
Se até os próprios reis desaparecem.



TRABALHO ESCRAVO


Trabalho escravo com nova senzala
Perdas constantes de quem não tem nada
Perder mais o quê? No fim da jornada
Quando o rico ri e o escravo cala.

O pobre nasce escravo sem saber
E cada sol lhe mostra o seu destino
E antes de a noite chegar vai sozinho
Para a dança do açoite se vender.

Um montão de leis no seu dorso cai
Para pagar os pecados do mundo
Dele o suor de Adão e Eva sai.

A rude mão calejada vai fundo
E nas suas correntes se distrai
Num suspiro, Castro Alves, profundo.



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