quarta-feira, 18 de abril de 2018

A DÚVIDA E A INCONSEQUÊNCIA EM DOIS SONETOS.


O diálogo interno, um bem e um mal.
Um longo diálogo interno produz a inércia.
Um curto diálogo interno produz um desastre.
Hamlet viveu a dúvida e dom Quixote viveu a inconsequência




PENSAR

Pensar demais retarda a decisão
O peixe voa e a andorinha nada
O jovem Hamlet esperou uma fada
E a dúvida invadiu seu coração.

To be, or not to be! Até agora?
Mais de quinhentos anos se passaram
Tantos outros reis o trono usurparam
E ele, de tanto pensar, ainda chora.

Tanta história rolou no seu país
E de tanto pensar surgiu dom Casmurro
Divulgando a teoria como quis.

Meditando, no rosto leva um murro
Imóvel, impassível, infeliz
Pois, de tanto pensar, morreu um burro.



NÃO PENSAR

Tão triste é uma decisão impensada!
Dom Quixote matou três adversários
No tal dia do seu aniversário,
Músicos de uma banda contratada.

Em algazarra e turbulência vinha
Para esta festa cheia de alegria
Imaginou inimigos que temia
Disparou todas as balas que tinha.

E agora? Como sair do conflito?
Como reverter a situação?
Rapidez no pensar, agiu aflito.

E nada a ganhar – decisão é ação!
Sem razão, pode rodar o infinito
Mas nada de pedir ressurreição.


segunda-feira, 9 de abril de 2018

SONETOS MORTÍFEROS



A tecnologia não pede licença e passa por cima até dos tratores.
A crueldade das inovações tecnológicas não pede passagem e arrasa o que estiver pela frente.
Entre na roda ou saia da frente.




A MARCHA DO PROGRESSO

Ninguém segura a marcha do progresso
Tudo aquilo que hoje está sendo feito
Será feito amanhã de outro jeito
Diferente será e com mais sucesso.

E no dia que um ser humano nasce
Tão logo ele casa-se com a mudança
Pode ser que não haja uma festança
Mas um pacto firme com ela faz-se.

Dizer que tem quinze anos de experiência
Ou um ano quinze vezes repetido
Será um trampolim para a competência?

Ou espelho retrovisor embutido
Que ilumina pra trás na decadência?
Fracassa em busca do tempo perdido.




AS VONTADES

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Camões falou e pôs dedicatória
Seu vaticínio vem rolando a história
E essas palavras parecem maldades.

Vem o século do obsoletismo
Traz as verdades pra fora de moda
Lança, usa, aproveita e gira a roda
Nada é para sempre, nem fanatismo.

Tapete mágico, conto de fadas
No alto o vento, e a chuva a vista embaça
Um sonho distante, mente estagnada.

Impedir a mudança virou desgraça
Nada resiste a força da manada
Os cães ladram e a carruagem passa.

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